quarta-feira, 29 de junho de 2011

Serviços Ambientais Prestados por Matas Nativas Brasileiras

Segue abaixo fragmentos de reportagem escrita por Jeverson Barbieri, da edição 490 do Jornal da Unicamp, na qual são citados os estudos realizados na tese de doutorado do pesquisador João Alfredo de Carvalho Mangabeira, que trata dos serviços ambientais prestados pelas matas nativas e suas consequencias em sistemas produtivos agrícolas. Dados técnicos interessantes que relacionam os efeitos de medidas conservacionistas com a qualidade de vida e indices produtivos de populações basicamente agrícolas do Estado de Rondônia.

Matas nativas aumentam em 20% produtividade de café em Rondônia
Produtores cujas terras estão no entorno de reservas florestais têm ganhos maiores

     Parte das reservas florestais de Rondônia, localizadas no município de Machadinho D´Oeste, contribuíram decisivamente para um aumento de até 20% na produtividade do café conilon, em comparação às áreas de cultivo mais distantes da mata. A conclusão é do pesquisador João Alfredo de Carvalho Mangabeira, da Embrapa Monitoramento por Satélite. O trabalho, inédito, analisou a trajetória de acumulação de capital pelos produtores rurais da região, levando em conta os serviços ambientais prestados pelas matas nativas. De acordo com Mangabeira, esses serviços envolveram o trabalho de polinização das abelhas nativas e, também, a geração de um microclima que reduziu o abortamento das flores do café em período críticos. A pesquisa resultou na tese de doutoramento do pesquisador, orientado pelo professor Ademar Ribeiro Romeiro, do Instituto de Economia (IE) da Unicamp.
     Na opinião do engenheiro agrônomo, esse aumento significa um peso muito importante para um município onde os agricultores familiares são dependentes da renda proveniente dessa cultura. Para agravar a situação, nos últimos dez anos a região vem apresentando uma sucessiva ocorrência de “veranicos” – fenômeno caracterizado por dias de intenso calor e insolação no início da estação das chuvas, que ocorre entre agosto e setembro – e que afetam a fase de floração do café e, consequentemente, prejudicam o crescimento dos frutos. “Isso resulta na redução da produção e prejuízo financeiro”, afirmou Mangabeira.
     O estudo mostrou, no entanto, que os produtores cujas propriedades estão localizadas no entorno das reservas florestais sofreram menos com o impacto desse fenômeno. O sombreamento e o microclima gerado por essas reservas colaboraram com o enfrentamento desse período, reduzindo, dessa maneira, o abortamento das flores e garantindo a produtividade dos frutos.
     Os resultados mostraram que as propriedades com café plantado próximo às matas, em média, apresentam maior produtividade e melhor desempenho. Para Mangabeira, os proprietários com melhor nível de capitalização estão situados próximos às reservas, evidenciando a existência de prestação de serviços ambientais pelas matas.
     O importante agora, segundo ele, é mostrar os benefícios que o sombreamento da mata tem para esse tipo de café. É preciso incentivar o plantio de sistemas agroflorestais para aqueles que não possam estar perto da mata. “É importante que os produtores se organizem e que não comercializem o produto como café convencional, misturado. Dessa maneira, eles passam a valorizar esse tipo de produção e, consequentemente, ser melhores remunerados”, alertou. Ao fazer isso, prosseguiu, estarão preservando as matas, captando carbono atmosférico, conservando água e solo, preservando a biodiversidade, prestando mais um serviço ambiental.
     Mangabeira disse ainda que, associado a tudo isso, muitos produtores estão vislumbrando a sua aposentadoria na madeira que está plantando dentro do café. “O café significa a manutenção familiar. A criação de gado, uma poupança, moeda de troca. E o plantio de árvores nativas ou exóticas de valor representa uma poupança garantida para a aposentadoria. Cerca de 30% dos produtores já estão observando isso”, garantiu.

Transformação
     A combinação de lotes privados com reservas florestais coletivas – que estão sendo mantidas em excelentes condições – atestam a convivência harmoniosa entre evolução da atividade agropecuária com preservação. A construção da malha viária levou em conta a hidrografia e o relevo local, além de permitir um acesso mais fácil às propriedades mais afastadas. Mangabeira concluiu dizendo que esse modelo institucional diferenciado de assentamento privilegiou os produtores e repercutiu muito bem nos que diz respeito à sustentabilidade econômica e ambiental da região.

Para maiores informações acesse o link do Jornal da Unicamp:
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/abril2011/ju490_pag02.php


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